segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Together Forever - Capítulo 32

 Acordar de manhã não foi uma boa. Meu nariz estava entupido e escorrendo e minha cabeça parecia que ia explodir. Que belo jeito de começar o dia, pensei. Lá fora, a neblina tomava conta de tudo. Dia frio para uma garota quente. Seria ótimo.
 Coloquei roupas mais quentes. Desci as escadas para a cozinha para comer o meu cereal e tomei um susto. Meu pai estava na cozinha fritando ovos.
 - Ai, meu Deus do céu! - Quase caí para trás. - Que susto, meu Deus. O que você está fazendo aqui? - perguntei.
 - O trabalho me deu uma folga - respondeu.
 - Ah, tá!
 Sentei na bancada e comi meu cereal. Observei meu pai enquanto comia. Ele parecia pálido e sem equilíbrio.
 - Pai, você está bem? - perguntei.
 - Claro que sim! - respondeu entusiasmado.
 - Tem certeza? Eu posso ficar com hoje com você se quiser...
 - Não! Não precisa de preocupar. Vá para a escola filha.
 - Certo.
 Peguei minha mochila e fui para a escola.
 No meio do caminho, recebi uma ligação da minha mãe.
 - Mãe? - perguntei.
 - Sam? Ah, filha! Que saudades! Como está aí? - ela parecia feliz como uma criança que acaba de ganhar um doce.
 - Aqui está muito bom... - e, ao contrário da minha mãe, não havia entusiasmo na minha voz.
 - Pode falar a verdade pra mim, filha.
 Suspirei. Não havia porque mentir para a minha mãe. Comecei a contar tudo o que estava acontecendo na minha vida, parando a cada ponto e fazendo uma lista com pelo menos 20 itens de reclamações.
 Não contei a ela sobre Justin e nossos problemas de convivência. Tudo o que eu menos queria (e precisava) era os conselhos da minha mãe.
 - Mas você precisa ficar. É para o seu bem - disse minha mãe.
 - Eu entendo, mas não concordo - falei.
 - Mas você precisa ficar - repetiu ela, - pelo seu pai.
 Eu já estava chegando na escola. Chaz, Ryan e Cindy me cercaram.
 - Tudo bem - falei. - Mas eu quero voltar para casa. E rápido.
 - Prometo a você que você vai voltar logo - disse minha mãe. - Tchau.
 - Tchau. - Sorri. Pelo menos eu ia embora logo.
 Guardei o celular e levantei a cabeça. Três pares de olhos me encaravam confusos. Bem, tava na cara que eles não sabiam falar portugês.
 - Eu tava falando com a minha mãe. Apenas ignorem - falei sacudindo a mão.
 - OK - disse Cindy. - Pronta para a prova?
 - Sim - sorri. Eu estava mesmo pronta.
 - Então é melhor você correr, já vai tocar - disse Chaz.
 Ryan agarrou minha mão e começou a me rebocar até a sala de aula.
 Quando sentei na minha cadeira a professora entrou na sala de aula. A prova chegou nas minhas mãos e eu estava tremendo. Basta ter calma, pensei. Basta respirar e se acalmar.
 Mas no fim tudo deu certo. Consegui fazer uma boa prova, mesmo estando nervosa.
 Depois da prova, o dia passou voando. Eu queria correr para casa e contar para o meu pai que eu tinha ido bem na prova. Eu também queria agradecer a Justin pelo que ele fez, mas não o tinha visto durante o dia inteiro.
 Quase corri para casa.
 - Pai! - gritei quando cheguei.
 Mas não houve resposta. Ele deve estar no quarto, pensei. A porta estava entreaberta.
 - Pai - falei.
 E quando eu abri a porta...
 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Together Forever - Capítulo 31

 - O que você faz aqui? - perguntei a ele.
 Justin se levantou do chão.
 - O que você faz aqui? - rebateu ele.
 - Como assim o que eu faço aqui?
 - Tá difícil de entender? - ele perguntou, a voz seca de ironismo. - Ou quer que eu desenhe?
 A raiva fervilhou dentro de mim, zumbiu nos meus ouvidos. Eu vou matá-lo, pensei. Eu vou matá-lo.
 - Olha aqui, seu... - comecei a falar, me aproximando dele, quando alguém me segurou por trás.
 - Que tal se a gente não matasse ninguém e começasse a estudar? - disse Chaz no meu ouvido.
 - Mas é claro que eu não vou estudar com ele! - gritei.
 - Ótimo! Vai embora então - disse Justin.
 - Já é! - virei-me para a porta.
 - Não! - Cindy segurou meus ombros. - Eu fiz isso pra te ajudar!
 - Então você sabia? - perguntei a ela.
 - Sim e não - respondeu ela. - Mas isso não importa agora. Ele está aqui e você também. E eu vou ajudar você!
 Depois de muita discussão, acabei ficando para estudar. Era só ignorar a presença irritante do outro lado da mesa. Acho que ele também ignoraria a minha presença.
 Mas o clima de estudo não foi bom. Justin e eu trocávamos olhares hostis e às vezes o silêncio era desconfortável. Quando ele explicava, não olhava para mim, apenas para Chaz, Cindy ou qualquer objeto inútil. Tudo bem, ele sabia explicar e sabia muito de história, e eu não iria desperdiçar a oportunidade de me dar bem na prova do dia seguinte. Mas, cá entre nós, eu torcia para que aquela tortura acabasse logo.
 E, quando acabou, quase comemorei. Sim, eu tinha aprendido bastante e sim, ele sabia mesmo ensinar, mas o clima de hostilidade que rolava entre nós era quase insuportável.
 - Eu preciso ir embora - falei para Cindy, recolhendo minhas coisas.
 - Ah, não vai, não! - disse Chaz ao meu lado.
 - Eu preciso ir - colocando a bolsa no meu ombro. - Meu pai tá me esperando.
 Justin parou ao meu lado.
 - Chaz, tô indo - disse ele, sem dirigir a palavra a mim. - Já tá tarde e minha mãe não me quer na rua até essa hora.
 - Justin e eu trocamos mais um olhar hostil.
 - Tchau Cindy! - abracei-a. - Obrigada pela ajuda. Tchau Chaz!
 Saí batendo a porta.
 Caminhei pela rua lenta e preguiçosamente. Ouvi passos atrás de mim. Preparei o grito, mas quando vi, era apenas Justin. Ele começou a caminhar em silêncio, ao meu lado. Eu também não disse nada. Logo o silêncio se tornou desconfortável.
 Estávamos chegando na nossa rua quando eu decidi acabar com o silêncio entre nós.
 - Então vai me ignorar pelo resto da vida? - perguntei.
 - Ah, claro que não! - ele respondeu.
 - E por que não?
 - Porque você é MUITO irritante! - berrou ele. - Principalmente depois daquela caninha na casa da sua amiga.
 - Idiota! - gritei de volta.
 Marchei a passos duros até a minha casa. Entrei batendo a porta com demasiada força.
 - Sam? É você? - perguntou meu pai.
 - Sou eu sim pai - respondi.
 - Aprendeu alguma coisa?
 - Sim, pai.
 - Certo.
 Dei boa noite e subi para o meu quarto. Depois de um dia como aquele, principalmente na parte da tarde, só mesmo um longo banho e uma boa noite de sono para esquecer aquilo, pelo menos momentaneamente.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Together Forever - Capítulo 30

 Minha cabeça girava quando acordei de manhã. Quase caí no chão quando levantei da cama. Recuperei o equilíbrio com dificuldade. Depois me arrastei até o chuveiro. Hoje o dia prometia ser bem longo.
 Enquanto comia meu cereal, fiquei pensando no sonho que tive na noite passada. Sonhei que alguém tocava meu rosto com carinho. Acordei assustada pensando que a minha mãe precisava de alguma coisa. Que bobagem a minha, pensei. Minha mãe está a quilômetros de distância daqui.
 Chaz e Ryan não vieram me buscar em casa naquele dia, então a caminhada foi solitária. Eles eram legais, mas era um pouco chato ser assediada a cada minuto pelos dois.
 Pensar no sonho da noite passada me levou imediatamente a pensar no sonho que eu não tinha há muito tempo. O sonho com o garoto. Havia algo no toque e na voz dele que me era tão familiar, mas eu não conseguia me lembrar de onde.
 Fui tirada do meu devaneio por Cindy gritando comigo.
 - Sam! Eu preciso falar com você!
 - Ei! Calma! - falei quando ela quase esbarrou em mim.
 Cindy parou, colocou as mãos nos joelhos e respirou um pouco. Depois levantou a cabeça e me encarou.
 - Eu tenho a solução para o seu problema sobre a prova de amanhã de história, mas você precisa concordar, e ele também, e eu não sei se você concorda, porque vocês não se dão bem, e eu não sei se ele aceita, mas se ele aceitasse seria tão bom, e eu deixaria você usar a minha casa, porque eu sei que sei pai não deixaria e eu quero que você se dê bem na prova e...
 - Cindy! - cortei o que ela falava. - Que diabo você tá falando?
 - Amanhã tem o teste de história e você não sabe nada, mas eu sei de uma pessoa que pode te ajudar.
 - E quem seria essa pessoa?
 Nesse momento Chaz, Ryan e Justin chegaram na escola. Cindy gesticulou com a cabeça para Justin. Claro! O sabe-tudo tinha que estar metido no meio.
 - Claro que não! - berrei.
 - Por que não? Ele sabe história e você não!
 - Porque eu o odeio e ele me odeia. Quais são as chances disso dar certo?
 - Se os dois quiserem vai dar certo!
 - Mas eu não quero!
 Saí andando a passos duros. Será que ninguém me entendia nesse inferno gelado?
 O sinal tocou e eu fui para a aula.
 No meio da aula meu celular começou a vibrar no meu bolso. Peguei o aparelho para ver quem me ligava. O número no visor era da minha mãe. Felizmente eu tinha colocado o celular no silencioso. Infelizmente a professora conseguiu ver o aparelho na minha mão e o tomou, só devolvendo no final da aula.
 Na hora do almoço Cindy veio falar comigo. Ela tinha cara de culpada.
 - Tudo bem! - disse ela. - Eu me precipitei! Você o odeia, ele te odeia e vocês de odeiam! Eu só queria ajudar.
 Sorri para ela.
 - Eu sei que você só queria ajudar, mas ele nunca daria certo.
 - Mas se você ainda quiser ir à noite na minha casa para estudar comigo...
 Olhei para a sua carinha de cachorro pidão.
 - Eu vou.
 Ela sorriu imediatamente.
 - Ah! Valeu! - ela me deu uma abraço apertado.
 - Depois da escola eu vou lá.
 - Tá bom!
 Quando a aula terminou fui para a casa. Tomei banho, troquei de roupa e escrevi um bilhetinho para o meu pai dizendo onde eu estaria.
 Caminhei até a casa de Cindy e toquei a campainha. Ela disse para mim entrar. Quando entrei, vi um garoto sentado no chão, na mesa de centro. Era Justin.
 - O que você faz aqui? - perguntei a ele.

domingo, 13 de novembro de 2011

Together Forever (nome que ganhou pela votação) - Capítulo 29

 Quando nosso abraço acabou, eu levantei do banco.
 Eu: Pode ir me deixar com meu pai? Ele está me esperando para o almoço.
 Justin: Claro.

 Ele não disse nenhuma palavra. Parecia ansioso demais para sair de perto de mim. Andamos em uma proximidade segura. Nada muito perto, para nos tocarmos, e nem muito longe, para parecer que ele estava me seguindo. Justin me deixou na porte do restaurante e antes que eu pudesse agradecer ele se virou e saiu apressadamente. Como eu disse, ansioso demais para sair de perto de mim.
 Caminhei até a mesa em que meu pai estava. Ele parecia preocupado.
 - Onde você estava filha? - perguntou.
 - No banheiro. Desculpa se eu demorei - respondi sem entusiasmo.
 - Já pedi nossa comida. Espero que goste de Zuccotto - disse papai. - É uma comida típica daqui.
 O almoço foi monótono. Meu pai começou a fazer perguntas sobre minha mãe, meu amigos e o que eu estava achando de morar no Canadá. É claro que eu não ia dizer que estava sendo uma porcaria, até porque eu recebi educação. Mas, mesmo com todas as perguntas feitas pelo meu pai, acabei por pensar nele.


Justin
 Justin entrou em casa como uma bala, indo direto para o quarto e ignorando as perguntas da mãe. Precisava se concentrar em outra coisa. Em qualquer outra coisa.
 - Justin! O que aconteceu? - perguntou Pattie, mãe de Justin.
 - Não aconteceu nada - respondeu ele, rispidamente. - Só tive alguns problemas.
 - Tudo bem...
 Mas o que há de errado comigo?, pensou Justin, quase correndo para casa. Eu simplesmente imaginei alguém seguindo a garota. Eu to ficando maluco.
 Justin se punia por ter tirado a garota do restaurante por simplesmente imaginar que alguém a seguia. Isso era trabalho para Chaz e Ryan que estavam caidinhos por ela. Não para ele, que não precisava de namorada.
 Mas ela era linda. O cabelo castanho caindo em ondas delicadas até o meio das costas, os olhos castanhos cor de mel, os nariz em sintonia perfeita com os olhos e aboca, ah!, a boca. A boca parecia pétalas de uma rosa. Como se tivessem arrancado duas pétalas de rosas e colocado no rosto com a pele cremosa e suave.
 Ela havia chegado na cidade já fazendo confusão com ele. Havia deixado a cortina da janela aberta e ele acabou por vê-la trocar de roupa. Ela havia virado uma fera, mas o abraçou mesmo assim. Ela com certeza era uma pessoa estranha. 
 Já estava ficando tarde. Houve um movimento na casa ao lado. Um farfalhar nas cortinas e a luz acendeu. Justin foi até a janela. A casa já estava se preparando para dormir. As luzes estavam sendo apagadas. A única que ainda estava acesa era do quarto dela. Mais alguns minutos e a luz se apagou, tudo ficando em silencio. 
 Ele se jogou na cama e ficou lá por alguns instantes.
 Uma ideia se formou em sua cabeça.
 Justin olhou no relógio em cima da mesa. Passava das onze da noite. Ela tinha chegado tarde em casa.
 Ele pegou o casaco e saiu do quarto, descendo as escadas silenciosamente. Abriu a porta e saiu para a noite. Atravessou o jardim e parou na base da árvore. Sim, ele estava mesmo fazendo isso. Subiu na árvore  como um gato. Ele estava na frente da janela dela. Pisou no telhado e caminhou vagarosamente até a janela. Cuidadosamente ele abriu a janela, e, com um pulo, entrou no quarto.
 No centro do quarto, em uma cama, estava deitada uma forma coberta por lençóis. Hesitante, ele caminhou até lá. Encostado em um travesseiro estava o rosto mais lindo que ele já vira em toda a sua vida. E a boca, a linda boca, como duas pétalas de rosa. Ele se ajoelhou ao lado da cama. Ela dormia um sono profundo. Mais uma vez hesitante, ele tocou o rosto de formas perfeitas. Sentiu a pele macia sob os dedos. O cabelo estava esparramado pelo travesseiro e cheirava a limão. Justin pegou uma mecha entre os dedos. Eram macios e bem cuidados.
 Mas ela se mexeu de repente. Ela não pode nem sonhar que eu estive aqui, pensou, esquadrinhando o quarto em busca de um lugar para se esconder. Se levantou e correu até a cortina. Era longa o bastante para esconder seus pés e grossa demais para esconder seu corpo.
 A cabeça levantou e olhou em volta, atordoada.
 - Mãe? É você?
 Mas logo tombou e voltou a dormir.
 Justin só saiu detrás da cortina depois de algum tempo, por segurança. Voltou a cama e se ajoelhou, dessa vez sem tocá-la.
 - Boa noite - disse Justin, beijando suavemente o rosto de Sam.
 Sorrateiramente ele abriu a janela e saiu mais uma vez para a noite. Sim, eu estou ficando completamente maluco, pensou ele enquanto voltava para casa.