Acordar de manhã não foi uma boa. Meu nariz estava entupido e escorrendo e minha cabeça parecia que ia explodir. Que belo jeito de começar o dia, pensei. Lá fora, a neblina tomava conta de tudo. Dia frio para uma garota quente. Seria ótimo.
Coloquei roupas mais quentes. Desci as escadas para a cozinha para comer o meu cereal e tomei um susto. Meu pai estava na cozinha fritando ovos.
- Ai, meu Deus do céu! - Quase caí para trás. - Que susto, meu Deus. O que você está fazendo aqui? - perguntei.
- O trabalho me deu uma folga - respondeu.
- Ah, tá!
Sentei na bancada e comi meu cereal. Observei meu pai enquanto comia. Ele parecia pálido e sem equilíbrio.
- Pai, você está bem? - perguntei.
- Claro que sim! - respondeu entusiasmado.
- Tem certeza? Eu posso ficar com hoje com você se quiser...
- Não! Não precisa de preocupar. Vá para a escola filha.
- Certo.
Peguei minha mochila e fui para a escola.
No meio do caminho, recebi uma ligação da minha mãe.
- Mãe? - perguntei.
- Sam? Ah, filha! Que saudades! Como está aí? - ela parecia feliz como uma criança que acaba de ganhar um doce.
- Aqui está muito bom... - e, ao contrário da minha mãe, não havia entusiasmo na minha voz.
- Pode falar a verdade pra mim, filha.
Suspirei. Não havia porque mentir para a minha mãe. Comecei a contar tudo o que estava acontecendo na minha vida, parando a cada ponto e fazendo uma lista com pelo menos 20 itens de reclamações.
Não contei a ela sobre Justin e nossos problemas de convivência. Tudo o que eu menos queria (e precisava) era os conselhos da minha mãe.
- Mas você precisa ficar. É para o seu bem - disse minha mãe.
- Eu entendo, mas não concordo - falei.
- Mas você precisa ficar - repetiu ela, - pelo seu pai.
Eu já estava chegando na escola. Chaz, Ryan e Cindy me cercaram.
- Tudo bem - falei. - Mas eu quero voltar para casa. E rápido.
- Prometo a você que você vai voltar logo - disse minha mãe. - Tchau.
- Tchau. - Sorri. Pelo menos eu ia embora logo.
Guardei o celular e levantei a cabeça. Três pares de olhos me encaravam confusos. Bem, tava na cara que eles não sabiam falar portugês.
- Eu tava falando com a minha mãe. Apenas ignorem - falei sacudindo a mão.
- OK - disse Cindy. - Pronta para a prova?
- Sim - sorri. Eu estava mesmo pronta.
- Então é melhor você correr, já vai tocar - disse Chaz.
Ryan agarrou minha mão e começou a me rebocar até a sala de aula.
Quando sentei na minha cadeira a professora entrou na sala de aula. A prova chegou nas minhas mãos e eu estava tremendo. Basta ter calma, pensei. Basta respirar e se acalmar.
Mas no fim tudo deu certo. Consegui fazer uma boa prova, mesmo estando nervosa.
Depois da prova, o dia passou voando. Eu queria correr para casa e contar para o meu pai que eu tinha ido bem na prova. Eu também queria agradecer a Justin pelo que ele fez, mas não o tinha visto durante o dia inteiro.
Quase corri para casa.
- Pai! - gritei quando cheguei.
Mas não houve resposta. Ele deve estar no quarto, pensei. A porta estava entreaberta.
- Pai - falei.
E quando eu abri a porta...