Minha cabeça girava quando acordei de manhã. Quase caí no chão quando levantei da cama. Recuperei o equilíbrio com dificuldade. Depois me arrastei até o chuveiro. Hoje o dia prometia ser bem longo.
Enquanto comia meu cereal, fiquei pensando no sonho que tive na noite passada. Sonhei que alguém tocava meu rosto com carinho. Acordei assustada pensando que a minha mãe precisava de alguma coisa. Que bobagem a minha, pensei. Minha mãe está a quilômetros de distância daqui.
Chaz e Ryan não vieram me buscar em casa naquele dia, então a caminhada foi solitária. Eles eram legais, mas era um pouco chato ser assediada a cada minuto pelos dois.
Pensar no sonho da noite passada me levou imediatamente a pensar no sonho que eu não tinha há muito tempo. O sonho com o garoto. Havia algo no toque e na voz dele que me era tão familiar, mas eu não conseguia me lembrar de onde.
Fui tirada do meu devaneio por Cindy gritando comigo.
- Sam! Eu preciso falar com você!
- Ei! Calma! - falei quando ela quase esbarrou em mim.
Cindy parou, colocou as mãos nos joelhos e respirou um pouco. Depois levantou a cabeça e me encarou.
- Eu tenho a solução para o seu problema sobre a prova de amanhã de história, mas você precisa concordar, e ele também, e eu não sei se você concorda, porque vocês não se dão bem, e eu não sei se ele aceita, mas se ele aceitasse seria tão bom, e eu deixaria você usar a minha casa, porque eu sei que sei pai não deixaria e eu quero que você se dê bem na prova e...
- Cindy! - cortei o que ela falava. - Que diabo você tá falando?
- Amanhã tem o teste de história e você não sabe nada, mas eu sei de uma pessoa que pode te ajudar.
- E quem seria essa pessoa?
Nesse momento Chaz, Ryan e Justin chegaram na escola. Cindy gesticulou com a cabeça para Justin. Claro! O sabe-tudo tinha que estar metido no meio.
- Claro que não! - berrei.
- Por que não? Ele sabe história e você não!
- Porque eu o odeio e ele me odeia. Quais são as chances disso dar certo?
- Se os dois quiserem vai dar certo!
- Mas eu não quero!
Saí andando a passos duros. Será que ninguém me entendia nesse inferno gelado?
O sinal tocou e eu fui para a aula.
No meio da aula meu celular começou a vibrar no meu bolso. Peguei o aparelho para ver quem me ligava. O número no visor era da minha mãe. Felizmente eu tinha colocado o celular no silencioso. Infelizmente a professora conseguiu ver o aparelho na minha mão e o tomou, só devolvendo no final da aula.
Na hora do almoço Cindy veio falar comigo. Ela tinha cara de culpada.
- Tudo bem! - disse ela. - Eu me precipitei! Você o odeia, ele te odeia e vocês de odeiam! Eu só queria ajudar.
Sorri para ela.
- Eu sei que você só queria ajudar, mas ele nunca daria certo.
- Mas se você ainda quiser ir à noite na minha casa para estudar comigo...
Olhei para a sua carinha de cachorro pidão.
- Eu vou.
Ela sorriu imediatamente.
- Ah! Valeu! - ela me deu uma abraço apertado.
- Depois da escola eu vou lá.
- Tá bom!
Quando a aula terminou fui para a casa. Tomei banho, troquei de roupa e escrevi um bilhetinho para o meu pai dizendo onde eu estaria.
Caminhei até a casa de Cindy e toquei a campainha. Ela disse para mim entrar. Quando entrei, vi um garoto sentado no chão, na mesa de centro. Era Justin.
- O que você faz aqui? - perguntei a ele.
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